“Autonomia econômica é a porta de saída da violência”, afirma secretária da Mulher

Ao CB. Poder, a secretária da Mulher do DF, Giselle Ferreira, falou sobre a importância da qualificação profissional, para que as mulheres tenham independência, além da equidade salarial entre homens e mulheres

Os investimentos da Secretaria da Mulher foram um dos assuntos discutidos durante o CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — desta quarta-feira (12/3), que recebeu a secretária da pasta, Giselle Ferreira. De acordo com ela, o orçamento empenhado cresceu 743%, passando de R$ 10,3 milhões, em 2020, para R$ 86,9 milhões, no ano passado. Aos jornalistas Adriana Bernardes e Ronayre Nunes, a gestora também comentou sobre a importância da capacitação, para que as mulheres tenham autonomia financeira, além da equidade salarial com os homens.

Como estão os investimentos da Secretaria da Mulher?

Eu falo que este é um governo amigo da mulher. Basta ver o orçamento empenhado, que aumentou 743%, entre 2020 e 2024. Estamos investindo em políticas públicas. Além disso, aumentamos o número de servidores e equipamentos públicos, para democratizar os nossos espaços e mostrar que essa pauta é importante para o governo.

Quais são esses equipamentos públicos?

São centros de atendimento à mulher e Casa da Mulher Brasileira — que vamos entregar mais quatro em março e abril — por exemplo. Também temos os comitês de proteção à mulher, pois sentimos a necessidade de ter um local mais voltado para a comunidade, porque, às vezes, a mulher não quer ir em uma delegacia. Quando se coloca um comitê, ela vai saber que, ali, vai ter um tipo de acolhimento. Nós, mulheres, temos uma tripla jornada. Se esses equipamentos não estiverem próximos, ela não vai buscá-lo. Por isso decidimos descentralizá-los.

Como a secretaria ajuda na capacitação das mulheres?

A empregabilidade à mulher, por meio da capacitação, foi uma determinação do governador e da vice-governadora. Estudamos o mercado de trabalho e estamos colocando as mulheres em áreas em que ela possa empreender, tanto dentro de casa quanto saindo para trabalhar. Temos ido até às regiões administrativas, junto com outras secretarias, para dar capacitação e dar autonomia financeira às mulheres. Além disso, aquelas que estão em situação de vulnerabilidade ou com alguma medida protetiva a seu favor, ganham o aluguel social. Então, temos uma porta de entrada, com o benefício, e uma de saída, com a capacitação para o mercado de trabalho. Estamos focando bastante na área da beleza e da costura. Autonomia econômica é a porta de saída da violência.

As mulheres demoram mais tempo para conseguir um emprego e ainda ganham menos do que os homens. Como enfrentar essa realidade?

A lei tem que ser cumprida. Existe uma legislação federal, que exige a equidade salarial, e fala em punição para quem não cumprí-la. Acredito que, enquanto não houver essa punição, essa realidade não vai mudar. A ONU também estabelece essa igualdade. Quando a mulher estuda, ela tem a capacidade de alçar voos mais altos, tanto que, no DF, 67% dos servidores públicos são mulheres. Esses locais de contratação também teriam que ter esse olhar diferenciado. Se não vai pelo amor, quem sabe se doer no bolso, com algum tipo de punição, a gente não consegue essa igualdade?

Como a secretaria ajuda para que a discussão sobre o respeito à mulher faça parte do cotidiano dos homens?

Temos o Espaço Acolher, em que fazemos grupos reflexivos com esses homens, para que eles sejam remodelados, pois vivemos em uma sociedade que aprendeu que ‘em briga de marido e mulher, não se mete a colher’. A gente mostrar que é justamente o contrário, é preciso salvar a mulher e não aceitar qualquer tipo de piadinha. Em paralelo a isso, a gente tem levado isso para as escolas, pois, para conseguir formar uma nova sociedade, tem que partir pela educação. Então, estamos fazendo palestras para criar uma cultura de respeito à mulher.

Pode falar mais sobre o Espaço Acolher?

Estamos fazendo buscas espontâneas, para que homens procurem os nossos equipamentos, para fazer uma terapia e buscar informação. Temos muitos casos em que os homens não sabiam que eram violentos e, hoje, estão bem melhores, pois não sabiam lidar com isso. Temos espaços disponíveis em Ceilândia, Samambaia e Sobradinho, porém, o homem pode buscar qualquer unidade ligada à Secretaria da Mulher, que vamos orientar onde eles podem buscar informação.

Por Arthur de Souza do Correio Braziliense

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense