Vínculo estreito com a comunidade é marca da Região de Saúde Oeste

Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol e Brazlândia contam com mais de 30 equipamentos públicos na oferta dos três níveis de atenção à saúde

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A Região de Saúde Oeste, composta pelas Regiões Administrativas (RAs) de Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol e Brazlândia caracteriza-se por uma Atenção Primária à Saúde (APS) robusta, que atende à população rural, vai à porta de casa e possui uma assistência hospitalar habilitada, capaz de corresponder à alta demanda populacional.

Entre cenários urbanos e rurais são distribuídos dois hospitais; três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs); três Policlínicas; dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo um Álcool e Drogas (CAPS AD); dois Centros de Especialidades Odontológicas (CEO); um Centro de Especialidades para a Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual, Familiar e Doméstica (CEPAV); e 27 Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Ceilândia é justamente a RA mais populosa do DF, segundo dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) 2021. Junto a Sol Nascente/Pôr do Sol soma 443.564 habitantes – 14,73% de toda a população distrital.

“Esta não é apenas uma enorme população, a maior em todo o DF, como também é a que mais cresce. A necessidade de atender a alta demanda da população está no centro da organização do serviço de saúde da região”, afirma o superintendente da Região de Saúde Oeste, André Queiroz.

Demanda assistencial

Em 2023, a UPA Ceilândia teve a maior quantidade de procedimentos registrados em comparação às 13 unidades do DF, segundo dados consolidados até setembro, disponibilizados pelo Portal de Informações e Transparência da Saúde (InfoSaúde-DF). Foram 514.962 dos mais de 4,5 milhões (11,2%).

O Hospital Regional da Ceilândia (HRC) é o terceiro mais utilizado em consultas, atendimentos, avaliações e acompanhamentos ambulatoriais – são 225.488, de janeiro a setembro de 2023, atrás do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), referência nacional, e do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).

Recentemente, para dar conta da alta demanda assistencial, novos fluxos para atendimento de usuários foram aplicados no pronto-socorro da pediatria do HRC, conforme a identificação de risco. Os pacientes com classificação verde, sem ameaça de agravo, são direcionados à consulta nas UBSs da região. Aqueles classificados com risco amarelo são encaminhados ao ambulatório do HRC, pela rota rápida. Consequentemente, uma estrutura mais adequada é oferecida ao atendimento de casos graves, com classificação de risco laranja ou vermelha, isto é, que necessitam de intervenção médica contínua ou imediata.

A secretária de saúde, Lucilene Florêncio, aponta que a implantação desta ferramenta em outras áreas do hospital está sendo estudada. “Essa reorganização foi pensada para garantir o atendimento do maior número possível de pacientes, de maneira rápida e eficiente. Estamos buscando outras maneiras de cuidar da população com os recursos que já dispomos”, afirma a gestora.

Vulnerabilidade social

A região Sol Nascente/ Pôr do Sol é considerada a segunda com o maior índice de vulnerabilidade social dentre as 33 RAs, conforme destaca o Índice de Vulnerabilidade Social do DF (IVS-DF), iniciativa da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal (Seduh-DF) – atrás apenas de SCIA/Estrutural.

Foi diante desse contexto e com o objetivo de reduzir as barreiras de acessos dos usuários aos serviços de saúde e ampliar a cobertura vacinal que surgiu o Carro da Vacina, um projeto do Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Imunização (NVEP) da Região Oeste. Utilizando um automóvel, a equipe oferta atendimento a vários setores da região durante um dia de ação, aplicando doses dos imunizantes e atualizando os cartões de vacina.

A mobilização dos moradores ocorre com o apoio das lideranças comunitárias e por meio de informes em alto-falante, utilizado em conjunto com os diversos meios de locomoção disponíveis na comunidade, como motos, cavalos, bicicletas e carroças.

Segundo a chefe da NVEP da Região Oeste, Zildene Bittencourt, a recepção do público é positiva. “A comunidade recebe a equipe calorosamente. O bom retorno que recebemos constantemente destaca a excelência da ação, especialmente, por se realizar de porta em porta, beneficiando aqueles com dificuldades de acesso ao serviço”, afirma a enfermeira.

Desde janeiro de 2022, quando foi realizada a primeira campanha, no Sol Nascente (Trecho 3), acumulam-se 94 edições, com a aplicação de 39.176 doses de vacina – desse total, quase 20 mil apenas contra a covid-19. A atividade itinerante teve como fundamento a experiência exitosa das equipes de Consultório na Rua, que desenvolvem ações integrais de saúde frente às necessidades da população em situação de rua.

Comunidade rural

Brazlândia, a RA mais antiga do DF, foi fundada em Goiás em julho de 1933 e incorporada ao Distrito Federal em 1964, é cercada por centenas de propriedades rurais.

O Incra 8 havia acabado de ser constituído quando Silvio Ferreira Lara, 68 anos, instalou residência junto a família há 60 anos. Ele garante que muita coisa mudou desde então. Até mesmo a UBS 7 de Brazlândia, sua unidade de referência, a poucos metros de casa, estava longe de existir. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) somente viria a ser criada em 1994.

Há tanto tempo como parte da comunidade rural, a visita mensal à UBS, mais do que para substituir a prescrição do medicamento que ele e a esposa fazem uso contínuo, serve como uma visita aos amigos. “Nós temos uma amizade com o pessoal desta equipe de saúde. É uma relação muito mais forte do que entre profissional e paciente; é um vínculo de família”, declara o aposentado.

A agente comunitária em saúde (ACS) Simone de Siqueira, moradora da região desde que era recém-nascida, integra há 19 anos, quando iniciou a carreira, a estrutura multiprofissional da unidade rural, composta por uma equipe de Saúde da Família (eSF) e uma equipe de Saúde Bucal (eSB). Além das atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, como é o caso do Programa Saúde na Escola (PSE) e das ações domiciliares, ela também oferece Técnica de Redução de Estresse (T.R.E.) como Prática Integrativa em Saúde (PIS).

O estreito vínculo com a comunidade é um dos atributos que destaca em seu trabalho em saúde na comunidade rural do Incra 8. “A gente conhece todo mundo. Até os cachorros das casas reconhecem quando a gente chega para um atendimento domiciliar”, afirma. A identificação com o ofício é tão forte que transcende a própria identidade civil. “Eu digo sempre que até perdi o meu sobrenome. Há um tempo eu não sou mais a Simone de Siqueira: eu sou “a Simone do posto”. revela a ACS.

Atendimento Materno-Infantil

A pouco mais de dez quilômetros dali, no Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), Karine Martins, 32 anos, deu à luz ao filho Estevan Paulino. A moradora de Brazlândia afirma que sempre ouviu bons relatos sobre o atendimento da maternidade do HRBz. Quando descobriu esta gravidez, logo imaginou que contar com o serviço hospitalar durante a sua gestação seria uma boa oportunidade. “Posso comparar este nascimento com o de meus outros filhos. Foi um parto muito tranquilo, feito por uma equipe muito boa”, relata a mãe de quatro filhos.

Somente em 2023, até o mês de novembro, 970 crianças nasceram no HRBz. A unidade conta com dez leitos de pré-parto, seis no berçário, 16 na pediatria, além de 12 no pronto-socorro infantil.

*Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)

Por Agência Brasília

Foto: Agência Saúde-DF / Reprodução Agência Brasília