SesiLab completa um ano de inauguração: conheça mais sobre a arquitetura do centro cultural

Construído no edifício do Touring Club do Brasil, o local foi definido por Lúcio Costa como ponto de partida da cidade e hoje é o encontro da arte, educação, ciência, tecnologia e inovação

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Às vésperas de completar 50 anos de carreira, o arquiteto Gustavo Penna também celebra o primeiro ano de aniversário de um dos seus mais emblemáticos projetos, o SesiLab, em Brasília. Construído no edifício do Touring Club do Brasil, obra de Oscar Niemeyer localizada ao lado da Rodoviária do Plano Piloto, o local foi definido por Lúcio Costa como ponto de partida da cidade, e hoje é o encontro da arte, educação, ciência, tecnologia e inovação na capital brasileira.

Coube ao arquiteto Gustavo Penna a missão de ressignificar o espaço e unir passado e presente. “Minha ligação com essa cidade é visceral. Isso faz parte do meu repertório de significado e símbolos. Conheci Lúcio Costa quando fiz estágio no Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ele era o coordenador e me ensinou a olhar a arquitetura brasileira e colonial. Além disso, sou membro do Conselho Curador da Fundação Oscar Niemeyer e, portanto, tive muito contato com o mestre Oscar, que escreveu sobre o meu trabalho. Meu pai, Roberto Penna, é pioneiro de Brasília e construiu Catetinho”, comenta Penna.

Em seu primeiro ano de vida, o SesiLab tem demonstrado sua vocação para o desenvolvimento de atividades culturais, incentivando o potencial criativo do visitante por meio de experiências elaboradas com os princípios básicos da física, da química, da matemática e da biologia. Na programação, exposições de longa duração e temporárias, além de educativas, com foco na formação e capacitação, o museu está dividido em quatro macro áreas: Espaços Expositivos; Espaços Educativos; Áreas de Apoio de Público; Áreas Administrativas, Técnicas e de Serviço.

“O desafio maior foi partir de uma estrutura de concreto, com vãos definidos e nervuras que formam o grande caminho do projeto, com seu ritmo de sombras. O prédio não sofreu alterações no que ele tem de emblemático e demos a ele permeabilidade, superfícies absorventes, luminotécnica, conforto térmico e uso das plantas do cerrado no paisagismo”, explica o arquiteto. “O edifício foi feito pelo Oscar Niemeyer na época da fundação de Brasília, mas ele continua gerando valores para o futuro”, comenta.

De forma geral, as características originais do imóvel foram preservadas, tanto na volumetria geral e fachadas, como na configuração da cobertura com seus pilares e vigas. Na intervenção realizada em 2014 para implantação do terminal rodoviário, foi acrescida uma cobertura metálica e houve alteração no piso do pavimento térreo para criação de plataformas de embarque e desembarque de passageiros. Também foram alterados o desenho das vias de acesso e dos canteiros, com criação de área de manobras e estacionamento para ônibus, descaracterizando o desenho original do paisagismo, com suas formas orgânicas, além da supressão de diversas árvores.

A escolha do edifício para a implantação do SESILAB respaldou-se por uma série de fatores, tais como: a importância histórica e arquitetônica do bem cultural no contexto de Brasília; a sua localização estratégica e central que facilita o fluxo de visitantes numa região onde circulam cerca de 600 mil pessoas por dia. Isso por que o local já é conhecido na capital federal, favorecendo a conexão do espaço cultural com a comunidade da cidade. Além disso, foram, consideradas características arquitetônicas do edifício, um grande pavilhão moderno, com estrutura independente dos fechamentos, que permite grande espaços internos e ampla flexibilidade de usos.

Gustavo Penna

A arquitetura é um ser vivo. Respira com a cidade, as pessoas, as paisagens, acumula histórias e ressignifica espaços, enquanto marca o tempo e sobrevive a transformações inevitáveis. Há 50 anos, Gustavo Penna começava essa jornada, perpassando por muitos estilos e encontrando sua própria forma de traçar os contornos urbanos. O arquiteto mineiro completa cinco décadas de carreira e mostra que a arquitetura ainda tem muito a dizer, provocar e encantar. Para celebrar o quinquagenário, várias comemorações marcam 2023, incluindo o lançamento de livros da coleção “Gustavo Penna 73/23 – 50 anos de Arquitetura, Desenho e Palavra” e a inauguração do “Memorial Brumadinho”.

Aos 73 anos de idade, seus traços marcam desde a paisagem da Pampulha, em Belo Horizonte, até as Exposições Universais de Milão (2015) e Dubai (2020). Penna também é vencedor de uma série de prêmios. O mais recente é o ArchDaily Building of the Year 2023, pelo aclamado projeto CarmoCoffees, na cidade de Três Corações (MG). Antes, outros tantos reconheceram seu primor artístico, como o The International Architecture Award, em Chicago, o World Architecture Festival (WAF), em Cingapura, e o Architizer A+Awards, em Londres.

O arquiteto é conhecido por desenvolver projetos que se destacam pela sutileza das belas formas e volumes, o diálogo gentil com a paisagem, o conforto e a funcionalidade. Dentre outros prêmios nacionais e internacionais estão o Prêmio IBAC (2009), O Melhor da Arquitetura (2009 e 2011),Prêmio Talentos do Brasil (2011), Troféu Clarim (2013), Prêmio IAB (2014), Archdaily Projetos Brasileiros (2015), Prix Versailles (2018) e o IF Design (2020).

Por Jornal de Brasília

Foto: Divulgação / Reprodução Jornal de Brasília