O depoimento à PF durou aproximadamente uma hora e Anielle não quis comentar o assunto com a imprensa. De acordo com fontes da corporação, as declarações da ministra foram gravadas e serão transcritas — daí o motivo de ela ter ficado pouco tempo na sede da PF.
As acusações contra Silvio Almeida vieram a público em 6 de setembro, depois que várias mulheres denunciaram o ex-ministro à ONG Me Too Brasil — que presta apoio às vítimas de violência sexual. A divulgação dos episódios de assédio foi feita com consentimento das vítimas, porém, sem que a identidade delas fosse divulgada — exceto o nome de Anielle.
Silvio Almeida foi demitido menos de 24h depois que as acusações tornaram-se públicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou que o caso relacionado à ministra fosse apurado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Advocacia-Geral da União (AGU), e acompanhado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
Um inquérito foi aberto pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 17 de setembro. Segundo informações passadas ao Correio, a PF ouvirá primeiro as mulheres que acusam Silvio Almeida e, depois, o ex-ministro — cujo depoimento não tem data marcada. Por sua vez, a AGU informou que “espera e confia que a investigação ocorra de forma justa e adequada, garantindo a todas as partes que seus direitos constitucionais sejam integralmente respeitados”.
O ex-ministro nega todas as acusações e pediu à Justiça esclarecimentos à ONG Me Too. Sua última manifestação nas redes sociais foi uma nota à imprensa informando que teria pedido a Lula que o demitisse para “conceder liberdade e isenção às apurações”. Com a demissão, o comando do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania foi entregue à professora e deputada estadual licenciada de Minas Gerais Macaé Evaristo.
Anielle e Silvio Almeida se conheceram nos trabalhos do grupo técnico de Direitos Humanos, durante a transição governamental do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para o de Lula.
Por Camila Curado e Renato Souza do Correio Braziliense
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Reprodução Correio Braziliense