Intensificação das chuvas no DF aumenta preocupações em várias regiões

Foram identificadas 104 áreas em risco que passaram a ser monitorados com atenção redobrada pela Defesa Civil

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O Sol Nascente/Pôr do Sol é uma das 22 regiões administrativas com pontos de risco mapeadas pelo Serviço Geológico Brasileiro, em parceria com a Defesa Civil (Sudec/SSP/DF). Na chácara 75 do Sol Nascente, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) instalou bocas-de-lobo para escoar a água da chuva. Essa estrutura foi implantada em alguns locais da cidade no primeiro semestre deste ano. Mesmo pontuais, as melhorias implementadas, já fazem a diferença para os moradores, acostumados com alagamentos.

Francisco da Chaga dos Santos, de 56 anos, mora em uma casa de tapumes na encosta do fim da rua. Em sua visão, a casa não corre perigo de deslizamentos. “Como a água da avenida principal desce para aquela boca de lobo, aqui não sinto medo. Mas, antes descia muita água, era muita preocupação com o que poderia acontecer”, relata.

A canalização de água tratada foi instalada na casa de Francisco há três meses, mas esta não é a realidade de todos os moradores da chácara 75. “Não tem rede de escoamento fluvial neste trecho. Em termos de infraestrutura, falta a instalação do esgoto e de mais bueiros”, afirma Ivanilton Bispo da Silva, 56.

Além do Sol Nascente, foram identificadas 104 áreas de risco no DF, localizadas principalmente nas regiões administrativas de Arniqueira, Fercal, Núcleo Bandeirante, Vicente Pires, Planaltina, Riacho Fundo e Sobradinho II.

A Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil (Sudec), vinculada à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF), informou que o último relatório de monitoramento das áreas de risco, realizado no ano passado, foi entregue à Secretaria de Governo do Distrito Federal para orientar os trabalhos de gestão de desastres ambientais, com a colaboração das administrações regionais. Em nota, a Sudec anunciou que após a conclusão desse trabalho “será possível obter o panorama atual, a poligonal das residências em risco e a estimativa populacional para que sejam tomadas as ações de mitigação.”

Joina Lopes, 23, mora na chácara 84 do Sol Nascente e conta que, certa vez, a enxurrada alcançou a altura dos seus joelhos. “Só faltava a água levar a gente junto”, diz. Na chácara onde fica sua casa, a canalização do esgoto ainda não foi concluída. “A obra do esgoto começou, mas não chegou até minha residência”, afirma.

A Sudec monitora locais com declive acentuado, erosões, precariedade na drenagem de águas pluviais e saneamento básico, fragilidades construtivas e acúmulo de resíduos sólidos, como entulho e restos de obras, entre outros problemas. Entretanto, não há recursos específicos na Defesa Civil para prevenção das áreas de risco.

Limpeza

A Novacap é um dos principais órgãos em diálogo com a Defesa Civil, que executa serviços de infraestrutura nas áreas públicas afetadas pelas chuvas. Segundo a Novacap, em 2023 foram executadas cerca de 109.382 intervenções para evitar os alagamentos, incluindo podas e remoções de árvores mortas ou caídas. Mais de 8.563 bocas de lobo e 1.285 poços de visita foram limpos. A limpeza acontece anualmente para desobstruir a rede de esgoto.

Para os residentes de áreas com pontos de risco a desastres, a principal orientação da Defesa Civil é enviar o CEP do local para o telefone 40199, permitindo receber alertas específicos de chuvas para a região cadastrada. Antes das fortes chuvas, a população deve estar atenta à previsão do tempo, conhecer os potenciais problemas em sua área e adotar práticas preventivas, como a manutenção de calhas e a limpeza de ralos.

Em dias de temporal, é recomendado entrar em contato com o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193, e a Defesa Civil, pelo 199, e sair imediatamente de lugares que ofereçam risco de alagamento e deslizamento. Além disso, é necessário desligar aparelhos elétricos, ficar atento ao nível das águas, elevar do chão documentos e objetos de valor. Após as chuvas, é essencial realizar a limpeza adequada das áreas afetadas e evitar o contato com águas de fontes naturais e poços, que podem estar contaminadas.

Por Giulia Luchetta do Correio Braziliense

Foto: Minervino Júnior/CB / Reprodução Correio Braziliense