Levante Mulheres Vivas: protesto pelo fim da violência reúne milhares na Torre de TV

O ato foi realizado na Torre de TV, próximo a Esplanada dos Ministérios e contou com o apoio de 200 entidades e organizações

Mulheres de diversas regiões da capital federal, participaram neste domingo (7), de manifestação pelo fim da violência contra mulheres. O Levante Mulheres Vivas ocorre em pelo menos 20 estados, além do Distrito Federal. O objetivo do protesto que teve início por volta das 10h na Torre de TV, é denunciar o aumento do número de casos de feminicídio e protestar contra todas as formas de violência que violam o direito das mulheres a viver com liberdade, respeito e segurança.

Mobilizadas por coletivos, movimentos sociais e organizações feministas, a ação visa romper o silêncio, exigir justiça e afirmar que a sociedade não aceitará mais a impunidade, destaca Ana Carolina Oliveira Tessmann, coordenadora do Levante Mulheres Vivas no DF e uma das organizadoras da manifestação.

“Estamos aqui nesse levante para gravar um marco na história do Brasil de responder todas as mulheres juntas à sociedade brasileira que não vamos tolerar perder nenhuma de nós. Temos mulheres de todas as diversidades neste ato, autoridades e movimentos sociais, todos em prol dessa causa, para que continuemos vivas”, finalizou Ana Carolina.

Durante a ação, mulheres falaram sobre várias situações de agressão  enfrentadas em plena capital do país. O movimento Levante Mulheres Vivas apontou a fragilidade da rede de apoio e proteção prevista em lei, também debateu a falta de políticas públicas e a disseminação de discursos de ódio contra mulheres nas redes sociais como sendo um agravante do cenário de violência.

Um dos assuntos mais abordados durante o evento foi o último feminicídio ocorrido na última sexta-feira (5), que vitimou Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos. O principal suspeito do crime é Kelvin Barros da Silva, 21, anos, que esfaqueou Maria e depois ateou fogo nela no quartel do Exército. 

A manifestação recebeu um grande coletivo de mulheres e homens que estavam presentes para apoiar a causa e pedir pelo fim da violência contra a mulher. Além do último feminicídio, várias outras mortes foram relembradas, inclusive no Distrito Federal, que já conta com 26 casos neste ano.

Uma das presenças que marcaram o ato na Torre de TV, foi da primeira dama do país, Janja Lula da Silva, que participou do movimento e discursou no palanque pedindo o fim da violência que atinge mulheres e famílias em todo o país, inclusive no Distrito Federal.

“Precisamos de uma legislação mais dura para combater o feminicídio, políticas públicas temos, o que falta é vergonha na cara dos homens. Por isso, peço que continuemos em esse movimento. Precisamos pressionar o Judiciário, por penas mais duras. Não podemos aceitar um homem matar uma mulher e uma semana depois estar nas ruas para matar outra. Não podemos aceitar um homem matar uma mulher de apenas de 25 anos se idade. Não podemos mais aceitar a violência e a impunidade. Precisamos de mudanças rápidas no Código Penal”, destacou a primeira dama. 

Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em entrevista ao Correio Braziliense, destacou que o ato ocorre exatamente em uma semana que terminou muito triste para o Brasil como todo, com a morte de Maria de Lourdes Freire Matos. “O ato é pela coletividade, pela vida das mulheres, por respeito. É inadminissível a gente seguir no país do jeito que está, essa com luta é todos os dias. Espero que essa manifestação seja a primeira de muitas outras em todo o Brasil, que seja uma luta por todas as mulheres, por todas nós”, ressaltou. 

Ana Cleia Holanda, 60 anos, vítima de uma tentativa feminicidio no dia 1º de  janeiro de 2020, levou cinco facadas desferidas pelo ex-companheiro, ficou meses de cadeira de rodas, com a tíbia fraturada em três lugares, sem movimento em uma das mãos e com perda de audição total de um dos ouvidos, hoje representa o Movimento Social Humanitário Pastora Ana Cleia. Após cinco anos, ela não recebeu nenhuma reparação pelo que sofreu.

“Me sinto extremamente frustrada, nunca recebi recompensa por parte do agressor e nem do Estado. Sou a primeira mulher que viu uma tentativa de feminicídio ser convertida para tentativa de homicídio simples. A Justiça não corrigiu essa agressão e com isso a lei de proteção as mulheres foi enfraquecida em plena capital da República”.

Por Gazeta do DF
Fonte Correio Braziliense
Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press