Entenda como funciona o transporte de órgãos para transplantes

Todos os entes envolvidos no processo — como Corpo de Bombeiros, Departamento de Trânsito (Detran) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) — precisam estar devidamente coordenados

O transporte de órgãos envolve uma complexa e sincronizada cadeia de eventos, na qual todos os entes envolvidos no processo — como Corpo de Bombeiros, Departamento de Trânsito (Detran) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) — precisam estar devidamente coordenados. Agilidade, segurança e previsibilidade são fatores indispensáveis durante essa integração, cuja finalidade é promover saúde e otimizar os recursos logísticos do Estado. 

Foi assim em 5 de agosto deste ano, quando o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) foi acionado pela Central de Transplantes para o transporte de um coração captado na cidade de Dourados (MS), em direção ao Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF). A operação foi um sucesso. 

“A janela temporal que garante a viabilidade de cada órgão é limitada. Atrasos ou falhas operacionais impactam diretamente no sucesso da operação. É enorme o impacto social direto de cada transporte bem-sucedido, pois isso representa vidas salvas e dar qualidade de vida, motivos de grande realização profissional para nossas tripulações”, ressalta o Major Walmir Oliveira, do Corpo de Bombeiros (CBMDF)

Em 10 anos, a parceria entre o Detran e a SES-DF resultou no transporte de 90 órgãos, sendo 77 corações, seis fígados, um rim e seis córneas. Em 2024, o departamento bateu o recorde de transportes, totalizando 21 corações e dois fígados.

“Cada operação bem-sucedida é a materialização de um esforço coletivo que transcende instituições, fronteiras e protocolos. É a reafirmação de que o Estado existe para servir, proteger e salvar. Esta cooperação não apenas conecta helicópteros a hospitais, mas corações a corações, famílias a futuros, e profissionais a propósitos. É, em sua essência, uma ponte aérea entre o direito de viver e a possibilidade de recomeçar”, declara o chefe da Unidade de Operação Aérea do Detran, Sérgio Dolghi, que, em suas missões, ajudou a transportar cerca de 45 órgãos. 

“É muito gratificante saber que estamos ajudando a salvar vidas”, completa Dolghi. Em março deste ano, o Termo de Cooperação Técnica do Detran com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi finalizado, de forma que o acionamento prioritário para o transporte de órgãos foi direcionado ao CBMDF. Mesmo assim, segundo o chefe da Unidade de Operação Aérea, o departamento tem tentado viabilizar um novo termo. 

Quem também viveu momentos de adrenalina horas antes de um transplante foram os agentes da PRF que conseguiram transportar uma paciente, moradora de Goiânia (GO), presa em um congestionamento na BR-060 até o ICTDF, onde ela pôde receber, a tempo, um fígado novo. O trajeto, que normalmente levaria mais de uma hora devido ao congestionamento, foi percorrido em 25 minutos.

“Nós a visitamos depois da cirurgia. Foi uma ocorrência muito especial para nós, porque não é algo comum. Mas, sempre que solicitada, nossa Divisão de Operações Aéreas atua tanto no transporte de paciente quanto de órgãos”, conta o agente Felipe Camarinha. 

Como ser um doador

Segundo o Ministério da Saúde, para ser doador de órgãos no Brasil, basta comunicar a decisão à família, visto que apenas os familiares podem autorizar a doação em caso de morte encefálica. Para uma formalização da intenção ou para aqueles que ainda em vida decidem doar, é possível registrar uma manifestação eletrônica por meio site www.aedo.org.br ou do aplicativo AEDO, que permite a seleção dos órgãos desejados. 

Além da formalização do desejo de doar, é necessário que doadores vivos tenham mais de 18 anos, gozem de boa saúde e passem por uma avaliação médica para verificar a compatibilidade e garantir que a doação não prejudicará sua saúde. A Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO) já soma mais de 458 solicitações emitidas em todo o DF, fortalecendo a política pública de transplantes no Brasil.

Por Gazeta do DF

Fonte Correio Braziliense

Foto: PRF