O Coral Brasília celebra 30 anos, em 2025, levando a música brasileira a palcos internacionais. Fundado em 1995 com a missão de divulgar o canto coral do país pelo mundo, o grupo participa anualmente de encontros e concursos nacionais e internacionais. Atualmente, é conduzido pelo maestro Deyvison Miranda e continua encantando plateias com sua mistura de técnica e emoção.
Como parte das comemorações, o coral participou, na última sexta-feira (29), do 15º Festival Internacional de Coros e Orquestras, na Biblioteca Municipal e na Igreja de St. Salvator, em Praga. Em Viena, nesta segunda-feira (1º), fará um concerto exclusivo, no VHS Ottakring, com apoio da Embaixada do Brasil e da Sociedade Austro-Brasileira de Educação e Cultura — Verein Papagaio. Na quarta-feira (3), em Bratislava, capital da Eslováquia, será responsável pela abertura do Festival de Cultura Brasileira.
Integrante há 14 anos, Nalva Ferreira, 57, contou que a apresentação de sexta-feira, em Praga, foi especialmente gratificante. “Cantamos para outros coros e também tivemos a oportunidade de apreciar o trabalho deles. Foi uma bela troca de experiências”, celebrou.
Atualmente, Nalva é responsável pela gestão administrativa do coral e destaca a importância da turnê. “O coral nasceu com a missão de levar a música brasileira ao mundo, e celebrar 30 anos em palcos internacionais confirma que o projeto deu certo. Isso mostra que o amor pela música coral é muito maior do que qualquer dificuldade. É esse amor que sustenta a longevidade do grupo”, afirma. Ela ressalta que o maior desafio da viagem não está nos palcos, mas, sim, nos bastidores. Sem patrocínios ou apoio governamental, cada coralista precisou arcar com os custos da turnê, o que exige comprometimento e dedicação de todos.
“Esperamos que as pessoas se alegrem com a nossa música. Independentemente da língua, a música não possui barreiras, é feita para ser sentida. A nossa mensagem é simples: a música une os povos”, completa Nalva.
O repertório da turnê é eclético, combinando música erudita, sacra e popular, com ênfase na produção nacional. Entre as obras escolhidas, estão composições de Gilberto Gil, Ernani Aguiar e Ernesto Nazareth, além de arranjos de Marcos Leite, Maurício Maestro — que preparou especialmente para o coral uma versão de Tico-Tico no Fubá —, Elenice Maranesi e Nelson Mathias. Segundo o maestro, a escolha das peças busca refletir a brasilidade em ritmos, temas e técnicas musicais, mantendo a sofisticação esperada em palcos internacionais.
À frente do grupo há 10 anos, o maestro Deyvison Miranda, 51, recorda que seu primeiro contato com o Coral Brasília foi justamente na comemoração dos 20 anos. Hoje, ele conduz o coro no marco das três décadas, com a responsabilidade de apresentar a música brasileira a públicos acostumados a ouvir corais de alto nível. “Nosso desafio é mostrar que o Brasil produz música de qualidade, com obras bem estruturadas e enraizadas em nossa cultura. Temos que levar peças que surpreendam, que tragam a brasilidade em seus ritmos e temas, mantendo a sofisticação dos grandes repertórios corais”, explica.
O maestro detalha que a preparação começa com muita antecedência e envolve estudo aprofundado, pesquisa histórica das composições e domínio técnico, musical, intelectual e emocional das obras, antes mesmo de chegarem aos ensaios com o grupo. “O mais importante não é apenas mostrar técnica, mas emocionar. Espero que o público se delicie com a música brasileira e sinta, em cada nota, a força e a beleza da nossa cultura”, afirma.
Entre os destaques do repertório deste ano, estão Redentor, composta por um integrante do coral e arranjada por André Vidal, e o Medley de Tom Jobim, arranjo exclusivo de Elenice Maranesi, preparado ao longo de cinco meses de ensaios. “Essas peças representam não apenas a excelência técnica, mas também a força da cultura brasileira”, destaca o maestro.
A turnê é vivida como um momento único por Marinete Celi, 52 anos, integrante do naipe dos contraltos desde 2019. “Representar o Brasil em qualquer lugar do mundo é motivo de muito orgulho. Estar na Europa por conta do nosso aniversário é ainda mais especial”, afirma. Ela destaca o Medley de Tom Jobim como uma das peças mais esperadas e enfatiza o valor da experiência coletiva. “Estar entre amigos fazendo duas das coisas que mais gostamos, cantar e viajar, só pode ser uma mistura muito boa — e de mistura nós brasileiros entendemos muito”, conta, animada.
Por Gazeta do DF
Fonte Correio Braziliense
Foto: Ivan Simas/Divulgação