O infectologista Henrique Valle Lacerda, do Hospital Brasília, da Rede Américas, reforçou a importância da vacinação com uma possível crise da gripe aviária vinda para a América do Sul. Em entrevista às jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte no programa CB.Saúde — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, desta quinta-feira (10/4), ele explicou que, apesar de a vacina contra a H5N1 ainda não estar disponível, é possível prevenir da infecção vacinando contra outros tipos de influenza.
Henrique Lacerda afirma que a vacina é uma ferramenta fundamental quando se fala de doenças infecto-parasitárias. Ainda que nem todas tenham vacinas, muitas são imunopreveníveis. Para ele, uma herança positiva da pandemia de covid-19 é que a tecnologia de produção de vacinas avançou muito. Hoje, a velocidade para desenvolver novos produtos contra doenças emergentes aumentou significativamente.
Circulação
“Para que tenhamos uma vacina eficaz e efetiva contra o H5N1, ela precisa passar por várias fases de estudo, normalmente quatro, até chegar ao paciente. Mas, enquanto isso, a vacinação em massa contra a gripe comum, especialmente contra influenza A, B e H1N1, é extremamente importante. Quanto mais pessoas vacinadas, menor a circulação dos vírus. Isso ajuda a evitar surtos e até pandemias. Embora a vacina atual da gripe não proteja diretamente contra o H5N1, ela ajuda a reduzir a circulação de outros vírus, o que é essencial”, explica o doutor.
Ele explica que é importante diminuir a circulação porque quanto mais um vírus se replica, maior a chance de ele sofrer mutações. Se a taxa de replicação aumenta, cresce também a chance de surgirem mutações perigosas, o que poderia acabar causando uma nova pandemia. Por isso, o controle da circulação do vírus, consequentemente, tende a fazer menos mutações que são infectantes.
“Como a indústria farmacêutica leva tempo para produzir uma droga que seja eficaz contra esse vírus, basicamente, oferecemos tratamento de suporte para os pacientes que evoluem com formas graves. Isso inclui internação em unidade de terapia intensiva, suporte com ventilação mecânica e oxigenoterapia. Esses pacientes podem desenvolver uma inflamação muito grande no organismo, e a insuficiência respiratória, a falta de oxigenação, é o que causa essa alta letalidade”, destaca.
* Estagiário sob supervisão de Márcia Machado
Por Henrique Sucena do Correio Braziliense
Foto: Bruna Gaston CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense