“A escola está sofrendo e doente”, diz professor Renato Casagrande

Renato Casagandre, pesquisador em educação, diz que setor de ensino é resistente à inovação

Com o início do ano letivo na rede pública de ensino do DF se aproximando, o professor Renato Casagrande — especialista em gestão educacional e pesquisador de estratégias e políticas voltadas ao ensino — foi o convidado, ontem, do Podcast do Correio. Para ele, “a escola está sofrendo, está doente” devido a sua lentidão em se adaptar aos novos tempos. Às jornalistas Mariana Niederauer e Mayara Souto, o educador comentou sobre a proibição dos celulares nas colégios e a chegada da inteligência artificial.

Casagrande, que é a favor da nova legislação que restringe os dispositivos móveis, opinou sobre como deve se dar sua implementação. “Toda vez que o professor quiser que o celular seja utilizado, ele vai dizer para o aluno levar (o aparelho à escola). O que está sendo proibido é o uso do celular para outras atividades, na escola, que não sejam pedagógicas”, esclareceu.

De acordo com o ele, é importante que as secretarias de Educação definam normas e as escolas bem orientadas com relação ao uso dos celulares.

Resistência

Por outro lado, na opinião do pesquisador a área educacional é lenta para assimilar inovações. “A gente não tem essa pressa. Só que, com a velocidade em que as coisas estão acontecendo, corremos o risco de ficarmos retrógrados. A gente viu isso na pandemia. A escola não estava preparada para a tecnologia”, avaliou. “Quando (as aulas presenciais) voltaram, achava-se que poderia se voltar ao que era antes da pandemia. Por isso, a escola está sofrendo, está doente. Nós não conseguimos voltar direito, até agora”, acrescentou.

Segundo ele, houve problemas de recomposição de aprendizagem, pois veio a inteligência artificial e, por enquanto, o professor ainda não se abriu para ela. “Só não dá para fazer isso. Eu, como educador, não posso ficar parado e não tenho nem o direito de dizer que não vou aprender”, observou. “Se a criança convive num mundo em que a inteligência artificial está chegando e vai mudar muito o comportamento e a economia, eu, como educador, não tenho direito de escolha”, destacou Casagrande.

Por Arthur de Souza do Correio Braziliense

Foto: Wanderlei Pozzembom/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense