A partir desta segunda-feira (27/1), já será possível encontrar vários alunos indo em direção às salas de aula de algumas instituições privadas. De início, o impacto momentâneo entre crianças e adolescentes é a proibição do celular nas escolas que, por ora, tem gerado debate em várias famílias. Diante de tantas informações e das polêmicas causadas, o Correio foi até as ruas neste domingo (26/1) para ouvir pais e filhos sobre o que eles pensam sobre o assunto. A socialização e o primar pela educação são as partes mais importantes de se estar na escola.
Bom, pelo menos, é assim que enxerga Carlos Henrique de Moraes, 54 anos, pai do pequeno Henrique, de 8. “Quanto mais tempo eles (crianças) passarem longe das telas, vai ser melhor para todo mundo”, ressalta. No entanto, é fato que a tecnologia tem um papel fundamental na nova geração. Isso, claro, porque a maioria já nasce nesse universo, conhecendo mais sobre celulares e internet do que os próprios familiares.
Na avaliação do bancário, é necessário buscar um equilíbrio entre esses dois ecossistemas. “Sou de uma geração totalmente analógica, estudei com papel e enciclopédia. A molecada agora não tem isso. Sabemos que essa é uma ferramenta que vai ser útil para a educação deles. Mas precisamos ter bom senso, pois as redes ainda são terra de ninguém”, comenta. Ao menos em casa, o pequeno, se deixar, passa boas horas no celular. Entretanto, o equilíbrio entre brincadeiras, leitura e telas auxilia na busca por uma boa qualidade de tempo.
Para Talita Silva, 41, mãe de Henrique, a proibição vai contribuir diretamente para o desenvolvimento do filho e aprendizado em sala de aula. Caso não consiga se comunicar diretamente, uma breve ligação no colégio resolve os problemas e a preocupação. “Qualquer coisa que acontece, a escola também vem e entra em contato com a gente. Eu sou totalmente contra ele ficar muito tempo no celular”, finaliza.
Boa união
A medida, na avaliação de Fernando Makfaldo, 33, é extremamente positiva. “Querendo ou não, o telefone é uma ferramenta que, por vezes, acaba afastando crianças e adolescentes do ensino”, ressalta. Pai de Rebeca Sofia, 8, e Yan Fernando, 12, ele acredita que, na escola, o ideal é que os alunos foquem o máximo possível em aprender e desfrutar dos momentos com professores e colegas.
Em casa, é inevitável que os filhos fiquem, em vários momentos, presos às telas, sobretudo no TikTok, como é o caso do Yan. Contudo, está sempre de olho para que o pequeno não esteja vendo nada que seja negativo. E para o primogênito, estar com o celular na escola não faz diferença, já que o que ele gosta mesmo é de estudar. “Matemática e história são minhas matérias preferidas. Prefiro gastar o horário aprendendo do que olhando para o telefone. Também gosto muito de brincar”, acrescenta.
Dois lados da moeda
De acordo com Edilza Souza, 44, o foco no aprendizado deve ser total e o aproveitamento do tempo proposto convertido nas tarefas em sala de aula. “Eu vejo a proibição de celular de forma bastante positiva, vai ajudar com que tenham um ensino de qualidade essencial”, destaca. Todavia, acredita que a restrição durante os intervalos seja um pouco exagerada, já que é o momento em que os filhos podem se comunicar com os pais.
Mãe da adolescente Isabelle Hilarino, 15, ela afirma que, em casos de emergência, é comum que essa troca entre familiares seja mais rápida e eficiente. “A escola deve garantir essa comunicação entre as famílias em casos excepcionais. O maior ganho será menor exposição às telas, o que já tem prejudicado muito no comportamento e aprendizado das nossas crianças e jovens”, enfatiza.
A filha, no mesmo ponto de vista da matriarca, também é a favor da proibição no horário de estudo, pois seu uso indevido durante as explicações pode atrapalhar o rendimento dos alunos. No entanto, também não concorda com a proibição nos intervalos. “Como irei me comunicar com meus pais? Existem assuntos que não queremos compartilhar com a direção da escola, ou seja, acho desnecessária essa proibição total. Como preciso ir para casa sozinha, levo meu celular comigo. Geralmente, utilizo-o em horários vagos ou durante o recreio”, ressalta.
Por Eduardo Fernandes do Correio Braziliense
Foto: Eduardo Fernandes/ CB/ DA PRESS / Reprodução Correio Braziliense