Por Bruna Pauxis, especial para o Correio
Alexandra Feitosa, 49 anos, teve que passar três horas no transporte público para chegar até o seu local de prova do Enem, mas foi barrada nos portões principais por um atraso de oito minutos. Feitosa está desempregada e disse que precisou pegar dois ônibus para sair de sua casa, às 10h10, no setor de chácaras de Pedregal, bairro do Novo Gama (GO), e chegar até a Upis, na 712/912 Sul, em Brasília, às 13h08.
A mulher disse que faz o Enem anualmente há cerca de três anos e que o local de prova costuma ser em áreas mais próximas de onde mora, mas que esse ano foi designado para longe sem uma justificativa clara. “O Governo deveria mudar isso. Por que o local de prova não ficou entre o Novo Gama, o Pedregal e o Lago Azul?”, indagou.
Quem faz o cadastro da mulher no Enem todos os anos é sua filha, que também foi fazer a prova no mesmo dia e conseguiu entrar, porque estava na casa de uma colega que morava mais perto do local. Além da filha estudante, a mulher tem também um filho de 17 anos, portador de deficiência intelectual, que ficou sozinho em casa sob os cuidados de uma vizinha próxima da família para que sua mãe pudesse fazer o Exame.
Como sofre com pressão alta e diabetes, Alexandra não viu opção senão descansar em frente aos portões da Upis e comer a sua marmita de almoço antes de iniciar a viagem de volta para casa. “Não tem nenhuma tolerância. Deveria ter”, disse. Seu sonho é poder cursar o ensino superior, e o Enem é sua esperança de ganhar uma bolsa boa com a pontuação da prova. “Se Deus me der condições, um dia eu quero fazer uma faculdade de criminologia”, contou emocionada.
Por Correio Braziliense
Foto: Bruna Pauxis / Reprodução Correio Braziliense