Oito mil multas de trânsito são registradas por dia no DF

De janeiro a setembro deste ano, mais de dois milhões de condutores cometeram infrações na capital. Entre as mais cometidas estão excesso de velocidade e uso de celular ao volante. Especialistas comentam os riscos e a redução de 5,79% ante 2023

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Somente nos primeiros nove meses deste ano, condutores de carro, moto e caminhão infringiram as leis de trânsito 2.189.074 vezes no Distrito Federal. Isso significa que, em média, 8 mil multas foram aplicadas por dia na capital do país em 2024. Comparado com 2023, quando houve 2.323.728 notificações, houve uma redução de 5,79%. Os dados são do Departamento de Trânsito (Detran-DF).

Entre as infrações mais cometidas este ano está trafegar acima da velocidade (1.384.320). O Correio conversou com condutores, que comentaram porque desrespeitam as leis de trânsito. Especialistas apontaram os caminhos para reduzir o desrespeito às leis de trânsito.

O uso de celular ao volante (57.787), a falta de cinto de segurança (53.764) e o avanço de sinal (53.751), apesar da gravidade, são comuns e ocorrem nacionalmente, de acordo com o coordenador do Observatório da Mobilidade Segura, Saudável e Sustentável (Mob3S), Pastor Willy Gonzales. (Veja quadro)

“Os riscos são inúmeros, principalmente do uso do celular. É praticamente condenar a pessoa que está cruzando a rua ou outro veículo que está na frente a um sinistro de trânsito. O condutor perde atenção, não está ligado ao que acontece ao redor do veículo, ao ambiente, e acaba sendo mais propenso a um sinistro, seja bater em outro carro ou até mesmo atropelamento de pedestre“, explicou.

A advogada Priscilla Gurgel, 40, contou que já levou multa por estar mexendo no celular enquanto dirigia, e destaca outra ocasião em que estava levando a filha ao hospital e precisava fazer uma ligação. “Às vezes é uma questão de urgência. Mas já aprendi a deixar o celular dentro da bolsa ou no banco do passageiro para que eu não veja quando chega mensagem”, pontua. “Tanto eu quanto meu marido já levamos multa por estar usando o celular enquanto dirigimos, mas diminuímos 90%”, relatou.

Priscilla também já foi multada por estacionamento irregular e disse que se arrependeu. “Eu quis economizar R$ 40 de estacionamento e acabei levando uma multa de mais de R$ 100. Não tinha placa de proibido estacionar próximo ao local onde parei o carro, mas aprendi a lição”, contou.

Soluções

Segundo Pastor Willy Gonzales, há tecnologias que podem ajudar a reduzir infrações como excesso de velocidade, uso de celular ao volante, falta de cinto de segurança e avanço de sinal. De acordo com o coordenador do Mob3S, na Europa há um sistema inteligente dentro do veículo que trava quando o condutor aumenta a velocidade da via, o que minimizaria a quantidade de sinistros.

“Se a via está a 80km por hora, o condutor não consegue acelerar porque o sistema trava automaticamente. Na Europa, há uma lei estabelecida na qual o veículo precisa ter este tipo de dispositivo inteligente no veículo para acelerar a velocidade da via. Aqui está muito distante disso, precisamos ter a questão da regulamentação , a questão tecnológica do veículo e o limite da via precisa estar esclarecido”, enfatizou.

Para evitar multas por alta velocidade, uma vez que já levou várias, Priscilla Gurgel faz uso do recurso chamado cruise control, uma espécie de piloto automático que ajuda o motorista a manter a velocidade necessária sem que ele precise pisar o tempo todo no acelerador. “Quando entro numa via que sei que o meu pé pesa e eu costumo aumentar a velocidade por ser uma via muito livre, sem faixas ou lombadas, eu ligo o cruise control”, destacou.

As tecnologias também podem contribuir na fiscalização, de acordo com Pastor. “As câmeras em determinados pontos da cidade, além dos radares de velocidade, ajudariam na fiscalização de outros tipos de infração, como o uso de celulares ao volante. A utilização dos drones ajudaria nesse patrulhamento em pontos de alto risco”, afirmou.

Por Mila Ferreira e Caio Ramos do Correio Braziliense

Foto:  Minervino Júnior/CB/D.A.Press / Reprodução Correio Braziliense