Parque Nacional perdeu 2,4 mil hectares em incêndios, diz ICMBio

No momento, combatentes do ICMBio, do Corpo de Bombeiros e do Ibram atuam para conter dois focos de incêndios

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Em coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira (17/9), o presidente do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Mauro Pires, afirmou que o Parque Nacional de Brasília já perdeu 2,4 mil hectares de vegetação nos incêndios que ocorrem desde o último domingo (15), quando queimadas iniciadas na Granja do Torto atingiram a área de preservação ambiental. 

“Ontem (16), foi o dia mais crítico desde domingo. Estamos fazendo análises de algumas áreas para evitar a reignição (recomeço) do fogo. Além da vegetação, estamos preocupados com as casas dos servidores que vivem próximos ao parque”, afirmou o presidente, que também agradeceu ao trabalho conjunto dos bombeiros e do Exército, que disponibilizou caminhões pipa. 

No momento, combatentes do ICMBio, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e do Instituto Brasília Ambiental atuam para conter dois focos de incêndios em matas de galeria (vegetações mais fechadas que protegem os rios) localizadas no parque. Uma das técnicas utilizadas é a queima prescrita que, com o uso controlado do fogo, serve como barreira natural às demais queimadas. Esse trabalho leva em conta dados técnicos, análise de vento e eventual propagação do incêndio. 

Há preocupação grande com a fauna, porém, ainda não foram registradas mortes ou fugas, visto que a prioridade é combater os incêndios. Pires reforçou que o fogo só pode ser declarado extinto quando não houver mais risco de ignição. Além disso, não é possível precisar quando será ele será extinto. 

O presidente do ICMBio ainda destacou a importância da investigação, declarando que o incêndio tem todas as características de uma atitude criminosa. “Famílias foram impactadas com a fuligem e com a fumaça, além das consequências econômicas, em vista da grande mobilização de equipes, cujo recursos poderiam ser usados em outras atividades”, completou. 

Prejuízos

Segundo o coronel Pedro Aníbal, os incêndios em matas de galeria são os mais desafiadores de combater, visto que são subterrâneos e podem atingir até 2 metros abaixo do solo. Assim, é preciso cavar para conseguir controlá-los. “É um trabalho árduo e demorado, no qual não é possível ver o fogo, apenas a fumaça saindo de alguns pontos”, completou. 

Por parte dos militares, a técnica empregada para conter os incêndios em matas de galerias incluem contornar os pontos de fumaça com aceiros e jogar bastante água. A equipe também utilizou uma motobomba para, com a água do Córrego do Bananal, fazer os resfriamentos e o rescaldo dessas áreas. 

Larissa diehl, chefe do Parque Nacional, afirmou que a mata de galeria não tem condições de se recuperar como o Cerrado, além de ser uma vegetação fundamental  no que se refere à água que abastece o DF. “A barragem de Santa Maria, por exemplo, abastece 45% da água do DF e pode ter impactos na quantidade e na qualidade. Vai ser preciso fazer trabalhos de restauração e a recuperação será lenta”, avaliou.  

Por Letícia Mouhamad do Correio Braziliense

Foto: Ed Alves/CB/DA.Press / Reprodução Correio Braziliense