Para os solteiros que temem encalhar nas prateleiras do mercado amoroso, os aplicativos de namoro se tornam uma maneira mais acessível de conhecer novos pretendentes. Há aqueles que pagam assinatura, para desfrutar de benefícios que aumentam essas chances ao oferecer curtidas ilimitadas. Entretanto, falhas nos sistemas de “match”, banimento de contas e a ausência de um suporte técnico eficaz têm frustrado o único objetivo pelo qual entraram nesse jogo afetivo de erros e acertos. A promessa de amor à primeira vista se transforma em um labirinto de ineficiências, levantando questões sobre a responsabilidade das plataformas em garantir um serviço de qualidade para quem aposta tudo nelas.
O jovem Luís Felipe, 21 anos, relatou uma série de problemas que o impedem de aproveitar plenamente o serviço e conseguir uma parceira, apesar de ter assinado o plano Gold de uma plataforma por R$ 35. “Não consigo dar match, o aplicativo fica aparecendo que duas pessoas me curtiram, eu curto de volta, mas continua lá, não consigo enviar mensagem”, descreveu o usuário da plataforma, que já entrou em contato diversas vezes com a empresa, mas não obteve resposta para o problema. “Perdi meu dinheiro, pois nem uma satisfação me dão”, resume.
Os contratos de adesão dos aplicativos de namoro têm um papel crucial na experiência do usuário e na resolução de disputas, conforme explica a advogada especialista em direito do consumidor Amanda Pfeifer. “Ao instalar um aplicativo, o usuário aceita automaticamente os termos estabelecidos, sem oportunidade de negociação. Isso significa que ele concorda com todas as cláusulas, mesmo as que podem ser desfavoráveis”, afirma.
Esses contratos definem claramente os serviços oferecidos, incluindo funcionalidades e limitações. Se o aplicativo falhar em cumprir suas promessas, o consumidor pode reivindicar seus direitos. “As cláusulas abusivas, que impõem obrigações excessivas ou renúncia de direitos, podem ser contestadas com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC), que prevê a nulidade dessas disposições”, ressalta.
A complexidade e extensão dos termos de uso, muitas vezes, favorecem as empresas, permitindo a inclusão de cláusulas que podem prejudicar o usuário. “É fundamental que os consumidores estejam atentos e informados sobre seus direitos, pois o descumprimento das regras pode resultar em penalidades, como a suspensão da conta”, conclui.
Por Fernanda Cavalcante do Correio Braziliense
Foto: Caio Gomez / Reprodução Correio Braziliense