Comerciantes e moradores da Asa Norte exigem mais segurança e policiamento

Comerciantes e moradores cobram providências para conter crimes na Asa Norte. GDF diz que tem investido em tecnologia e capacitação de policiais para combater violência

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Assaltos à luz do dia, furto de cabos, arrombamentos e invasões. É assim que comerciantes e moradores da Asa Norte descrevem a rotina diária na região. Declarando-se cansados, reuniram-se ontem, na altura da 506/507 Norte, para uma manifestação pacífica, com o objetivo de reivindicar soluções, especialmente para as quadras 700/900. Pouco mais de 100 pessoas compareceram ao local com apitos, faixas e placas. O Correio acompanhou a mobilização de perto e conversou com os manifestantes. 

Comerciante e prefeita comunitária voluntária da 713 Norte, Crystyna Lessa, nasceu e cresceu na Asa Norte. Ela relatou que, nos últimos anos, o armarinho de tecidos, que foi aberto por seus pais há mais de cinco décadas, vem sofrendo com depredações, furtos e pichações. “A gente está vendo uma crescente de violência, mas não enxerga uma resposta efetiva do estado. O que nós temos pedido é um policiamento ostensivo, principalmente durante a noite e nas madrugadas. Cada quadra tem seu grupo de WhatsApp e, todos os dias, a gente já amanhece perguntando: ‘qual o saldo de crimes dessa madrugada?'”, indignou-se. 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), dados do primeiro semestre deste ano mostram que, na Asa Norte, os registros de ocorrência de furtos em comércio aumentaram quase 10%, os arrombamentos de veículos subiram 23% e o número de veículos furtados aumentou em quase 26%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os demais crimes, porém, registraram queda. 

A dentista Sâmela Gonçalves, 30 anos, é proprietária de um clínica odontológica localizada na região. Enquanto segurava uma faixa em nome dos funcionários e pacientes do estabelecimento, conversou com a reportagem. “Nossos funcionários chegam todos os dias pela manhã e sempre há moradores de rua na porta que inibem a entrada deles na clínica e ficam pedindo coisas. A gente perde muitos pacientes, porque essas pessoas abrem a porta da clínica, pegam biscoitos e água, então os pacientes ficam com medo e falam que não vão mais voltar.” Segundo a dentista, o último ataque foi sofrido no domingo passado, quando criminosos furtaram a fiação das câmeras de segurança instaladas na área externa do estabelecimento. 

Os moradores relataram que, para além das pessoas em vulnerabilidade social, há indivíduos que se infiltram entre as pessoas em situação de rua para cometer crimes. “As 700 estão sofrendo demais”, declarou Cíntia Correia, servidora pública que é ex-moradora da Asa Norte e atua como assessora jurídica da Associação de Moradores do Noroeste (AmoNoreste). 

Posicionamento

Ao Correio, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) informou que monitora e acompanha as pessoas em situação de rua em locais previamente mapeados das 700/900 da Asa Norte por meio das equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), que orientam sobre direitos e encaminham essas pessoas para serviços da política de assistência social e de outras áreas, como Trabalho, Justiça e Moradia. “É fundamental reforçar também que não cabe à Sedes fazer a remoção compulsória de pessoas em situação de rua. O papel da Sedes é viabilizar o acesso dessa população à rede de proteção social” disse ao Correio por meio da assessoria. 

A pasta enfatizou que tem contribuído com as ações coordenadas do DF Legal em várias RAs, sobretudo na Asa Norte, fazendo acompanhamento prévio e sensibilização das pessoas em situação de rua, além da oferta de benefícios e acolhimento. “Recentemente, a pasta lançou edital que vai ampliar em duas mil as vagas de acolhimento institucional no DF, incluindo a modalidade pernoite, como tem sido feita nos dois abrigos contra frio instalados no Plano Piloto e em Ceilândia, com grande adesão. Este edital está em fase final do processo de seleção e se trata de uma das ações do referido Plano para a População de Rua.”

A SSP destacou que tem direcionado investimentos para a capacitação das forças de segurança, a melhoria dos equipamentos utilizados e a adoção de tecnologias avançadas para otimizar o trabalho policial e o fortalecimento dos processos de gestão e citou que, semanalmente, relatórios são compartilhados com as forças de segurança, apontando as chamadas “manchas criminais”, em que é possível detectar dias, horários e locais de maior incidência de crimes, garantindo, segundo eles, um policiamento efetivo.

Por Letícia Guedes do Correio Braziliense

Foto: Letícia Guedes / Reprodução Correio Braziliense