Atenção para manter águas livres da dengue em áreas de acesso ao público

Limpeza de pontos turísticos e privados decorados com fontes e lagos demanda atenção da administração pública

0
45

À medida que os casos de dengue disparam no Distrito Federal, combater os criadouros do mosquito Aedes aegypti é essencial para mitigar o agravamento da crise sanitária. No Plano Piloto, diferentes pontos turísticos possuem fontes decorativas, com água, que requerem atenção dos administradores públicos e monitoramento periódico da Vigilância Ambiental em Saúde, vinculada à Secretaria de Saúde (SES-DF).

Esse cuidado inclui, por exemplo, espelhos d’água como o da quadra modelo 307/ 308 Sul. Mesmo reunindo moradias privadas nos blocos residenciais que a compõem, a atenção evita o agravamento de um problema que afeta o interesse público e o bem-estar da comunidade.

A SES-DF informou ao Correio que os monumentos com água localizados no Eixo Monumental são verificados regularmente pela equipe de Vigilância Ambiental. No entanto, o GDF comunicou que ações conjuntas entre a SES-DF e Novacap ocorrem somente quando solicitadas pelo Executivo local, pois não há contrato vigente os dois órgãos citados.

Em nota, a SES-DF explicou que, na Praça do Buriti, a água do espelho é tratada com cloro. Na Praça dos Cristais, situada em frente ao Quartel General do Exército, o pequeno lago artificial possui carpas. Segundo a pasta, os peixes impedem a proliferação das larvas de mosquitos. A reportagem tentou contato com os gestores urbanos do Setor Militar Urbano, mas não obteve resposta.

Um dos principais cartões-postais de Brasília, a fonte luminosa do Complexo da Torre de TV, também tem sua limpeza feita com cloro. O BRB comunicou que realiza tratamento e monitoramento da água com frequência, além de “campanhas de conscientização e orientação de visitantes e funcionários sobre os cuidados necessários para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika”, ressaltou a instituição financeira por nota. Além disso, o Jardim Burle Marx — construção entregue ano passado e patrocinada pelo banco, que também o gere — a manutenção semanal inclui a aplicação de larvicidas e produtos químicos.

Parque

O Correio esteve no Parque da Cidade para verificar o estado da antiga Piscina de Ondas de Brasília, localizada no estacionamento 7. O comerciante Luiz Pereira, de 63 anos, desenvolve sua atividade profissional desde 1979, em frente a essa área de lazer aquático, desativado há pouco mais de duas décadas e meia. “Quando chove, junta água parada porque a piscina está esvaziada. Mas, logo em seguida, a administração manda um caminhão vir limpar”, afirmou. “O pessoal da Novacap está sempre observando”, garantiu.

A gestão do parque, vinculado à Secretaria de Esporte e Lazer (SELDF), permite a realização de eventos no tanque da piscina. Quando a reportagem chegou ao local, na manhã da sexta-feira (1/3), trabalhadores estavam lavando o lugar e montando estruturas para uma festa de despedida do carnaval. Na avaliação de Pereira, esses eventos contribuem para manter as ações para erradicar eventuais focos de dengue e outras enfermidades transmitidas por insetos. “Quando tem festa, a faxina é intensa”, comentou.

Segundo a SELDF, a manutenção da piscina de ondas é feita regularmente, dentro de agenda de cuidados diários no Parque da Cidade Sarah Kubitscheck, que incluem a retirada de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti.

O comerciante disse haver contraído dengue no último mês, com a esposa e a filha, que adoeceram no mesmo período. “Estou usando muito repelente. Nos dias menos quentes, uso calça e tênis para trabalhar. Depois que fui picado pelo danado do mosquito (Aedes) estou me protegendo”, relatou. “Eu não tenho certeza de onde fui contaminado, moro em Ceilândia, que é um lugar muito propício à infestação do mosquito. Mas, aqui, inclusive clientes meus do parque também já pegaram”, acrescentou.

Morador do P. Sul, Pereira disse que em uma região próxima a sua residência há descarte de entulho. “É proibido jogar lixo, mas sempre jogam. Como não tem fiscalização, a administração limpa e as pessoas jogam lixo na rua de novo”, reclamou. “Programa de orientação para a população sempre deve existir”, defendeu o comerciante.

Além da proteção individual, proporcionada pelo repelente, a administração do parque está realizando ações de conscientização sobre a dengue para os visitantes. A última, batizada de “De mãos dadas contra a dengue”, levou à remoção de 800 kg de resíduos, como garrafas, latas e lixo em geral. Foi um trabalho para evitar a disseminação do mosquito da dengue.

Em nota, a secretaria informou que adotou a solução ‘Aedes do bem’. Consiste na instalação de dispositivos que ajudam a eliminar o mosquito vetor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Esse projeto pretende proteger os 14 mil frequentadores do Sarah Kubitscheck, de segunda a sexta-feira, e os 37 mil que o desfrutam aos fins de semana.

Por Giulia Luchetta do Correio Braziliense

Foto: Ed Alves/CB/DA.Press / Reprodução Correio Braziliense