“Campanhas educativas precisam ter impacto”, diz deputado Reginaldo Veras

Ao Podcast do Correio, o parlamentar disse que o governo local deveria fazer uma campanha mais agressiva em relação ao avanço da dengue. Também abordou concursos públicos e as próximas eleições para o Palácio do Buriti

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Durante 33 minutos de entrevista ao Podcast do Correio, o deputado federal Professor Reginaldo Veras (PV/DF) abordou diversos temas, entre eles a explosão dos casos de dengue no DF. Às jornalistas Mila Ferreira e Thays Martins o parlamentar avaliou que o governo deveria fazer campanhas esclarecendo a população sobre a fatalidade da doença.

Nessa semana o governador Ibaneis anunciou que iria chamar alguns agentes comunitários que foram aprovados no concurso. Há expectativa que sejam chamados mais?

Até o ano passado nós tínhamos, por baixo, 500 agentes comunitários de saúde, e Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde, que estavam por contratação temporária, por isso não podiam ser recontratados, porque a legislação proíbe. Mas sabendo que esses 500 servidores não estavam mais disponíveis, o governo tinha que se planejar e se programar para nomear no mínimo 500 concursados para substituir esses. Porém o governo fez vista grossa, não nomeou ninguém para substituir esses 500, que é o pessoal que vai na casa, que olha o vasinho de planta, e são fundamentais. O governo não nomeou, não tomou medidas preventivas, nem essa e nem outras, e a partir disso os casos de dengue explodiram. Nós só iremos combater a endemia se tiver o agente comunitário de saúde no dia a dia olhando as casas, uma vez que cerca de 70% dos casos de dengue acontecem dentro de casa e em áreas adjacentes.

Na sua visão, além das ações atuais, o que deveria ser feito?

O povo só entende quando a linguagem é explícita, tem que ser de impacto. “Cidadão, se não forem adotadas essas medidas, você vai morrer”, tem que ter uma propaganda mais objetiva. Abordagens leves não atingem mais a população. Tem que ser mostrado os hospitais cheios, os números de óbito. Incentivos diretos para que o cidadão faça a parte dele, porque o governo está fazendo a parte dele. Precisa ser uma linguagem mais impactante. A exemplo da comunicação utilizada no período da pandemia, mais pesada, que mostrava um monte de vala coletiva, em alguns países. Ou seja, se não tomarmos uma atitude séria, se a população não fizer sua parte, é que vai acontecer.

O senhor vai representar o parlamento brasileiro no evento sobre mineração ilegal de ouro, semana que vem, em Londres. Como será essa participação?

No Brasil hoje, em boa medida, a exploração e a venda ilegais de ouro se dá pela absoluta falta de competência dos órgãos públicos de fazer uma fiscalização mais séria. A transação e comercialização de ouro no Brasil hoje se dá com base na boa fé e nas notas fiscais, e elas são feitas, ainda, de forma manual. A partir daí a gente propôs um projeto de lei que está tramitando na Câmara Legislativa que obriga que toda a comercialização do ouro no Brasil seja feita com nota fiscal eletrônica rastreada por QR Code, e por uma tecnologia nova chamada blockchain. É possível acompanhar todo o processo desde a lavra, qual era a empresa responsável, por onde passou, se aquele ouro foi aperfeiçoado, se ele foi lapidado, até a sua chegada ao comércio internacional. Esse projeto teve repercussão em algumas revistas especializadas e nós tivemos um encontro com o ministro do Meio Ambiente do Reino Unido, que quando chegou a Brasília numa visita fez questão de conversar com os deputados do Partido Verde. A partir daí, a Embaixada britânica convidou a gente para ir como representantes do Brasil e da Câmara dos Deputados, para esse Congresso Internacional.

Considerando que a sua profissão de origem é o magistério, qual sua opinião sobre o Concurso Nacional Unificado. O senhor acredita que vai dar certo?

O concurso Nacional Unificado dará certo. Evidentemente haverá problemas iniciais, assim como aconteceu com o Enem quando foi criado. Havia uma série de resistências. Não tem sentido nós termos vários órgãos públicos com estruturas semelhantes, com salários semelhantes, e cada um fazer o seu concurso. Isso é contraproducente e é prejudicial ao erário, tem custos e tudo mais. Então é muito mais interessante eu pegar aquilo que é comum aquilo e compatível, dividir em grandes blocos e a partir disso, os candidatos irão se adequar ao processo. É um mecanismo inteligente, que leva em consideração os princípios da administração pública, como a legalidade e a impessoalidade.

O senhor é uma das poucas lideranças de esquerda aqui do DF, e de oposição ao governo Ibanês. Considera, no futuro, se candidatar ao GDF?

Hoje eu me sinto preparado, e deixo muito claro que sou um homem de palavra. Eu dei a palavra para o meu amigo, o deputado Leandro Grass, que se ele for candidato, eu não serei. Meu nome e o dele estão à disposição, as construções irão acontecer, e independente dele ter viabilidade ou não, eu vou honrar minha palavra e não serei candidato a governador do Distrito Federal. Se o campo progressista entender que meu nome é viável, estarei à disposição, com essa observação de que se o deputado Leandro for candidato, eu estarei ao lado dele.

*Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado

Por Correio Braziliense

Foto: Reprodução/YouTube / Reprodução Correio Braziliense