Distrito Federal terá mais 19.168 vagas para o ensino integral

Governo federal fará repasse de R$ 32,4 milhões, ainda este mês, para a abertura de matrículas na modalidade, em todo o Distrito Federal. Na unidade da Federação, são 256 escolas que oferecem o ensino a quase 55 mil estudantes

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Com uma rotina dividida entre cuidar dos filhos e trabalhar para levar o sustento para casa, pais e mães buscam por escolas em tempo integral para deixar os pequenos em segurança. No entanto, essa procura por vaga é árdua e não atende a todos que precisam. A fim de ampliar o ensino, o governo federal anunciou um repasse de R$ 32,4 milhões para garantir 19.168 novas matrículas no Distrito Federal pelo programa nacional Escola em Tempo Integral — aumento de 35%. Para especialistas, essa modalidade de ensino pode ser muito vantajosa para os alunos de todas as idades. No entanto, é necessário que os turnos escolares não fiquem restritos apenas às salas de aulas, desenvolvendo, assim, outros aspectos educacionais das crianças e dos adolescentes.

Para o próximo ano letivo, Débora pretende tentar uma vaga para a filha mais nova. Ela conta que só soube da existência de escolas públicas em tempo integral quando se mudou para a região. “Tentei para a menorzinha, mas como ela ainda é mais nova, não consegui. As vagas são muito procuradas. A maioria das mães quer, então, é difícil de conseguir, por isso deveria ter mais escolas. Para os dois mais velhos, ter conseguido, já foi uma benção”, enfatizou. “Tendo mais escolas, ajuda muito, porque tem como as mães trabalharem e ajuda até na questão financeira, pois, como eles passam o dia todo, tomam café da manhã, almoçam, lancham e jantam”, destacou a dona de casa.

Na semana passada, o Ministério da Educação comunicou que o Distrito Federal terá 19.168 matrículas garantidas, por meio do projeto Escola em Tempo Integral do governo federal. Segundo a pasta, serão repassados, até o fim de dezembro, R$ 32,4 milhões para a capital federal implementar o estudo com carga ampliada. Ainda de acordo com o ministério, são consideradas matrículas em tempo integral aquelas em que o estudante permanece na escola ou em atividades escolares por tempo igual ou superior a sete horas diárias, ou a 35 horas semanais, em dois turnos, sem sobreposição entre eles.

A gari Brenda Caroline Santiago, 25 anos, também busca por uma vaga em um centro de ensino infantil de tempo integral para o pequeno Elias Bernardo, de 4 anos. Atualmente, o menino frequenta uma creche pública durante os dois turnos na QNL 10. A mãe conta que foi difícil conseguir o agendamento para tentar a vaga na primeira infância. “Demorou muito, mas depois que me agendaram e eu fiz o pedido, foi bem rápido. Estou tentando agora matricular ele no colégio integral, porque ano que vem ele começa na escola e como a creche não fez automaticamente a transferência, só devo conseguir no fim de janeiro. Está sendo mais complicado”, relatou a mãe.

Por trabalhar o dia todo fora de casa e cuidar sozinha do pequeno Elias, Brenda afirma que o filho precisa de uma escola em tempo integral. “Não tem quem me ajude com ele, por isso estou correndo atrás disso”, ressaltou. “Já pago alguém para ficar com o Elias quando eu saio para trabalhar às 4h50. Até dar o horário para ele entrar no colégio, alguém tem que cuidar dele. Eu consigo ir buscá-lo na escola depois, mas é só uma escola integral para me ajudar nisso”, declarou Brenda.

Repasse

Segundo a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), a implementação da política pública será realizada pela pasta, utilizando os recursos repassados pelo governo federal até o fim de dezembro, seguindo as diretrizes do programa Escola em Tempo Integral. Para avaliar quais escolas farão parte dessa ampliação de vagas, a pasta conta com um grupo de trabalho dedicado ao planejamento, a fim de assegurar a abrangência em toda a capital, com enfoque especial nas regiões mais vulneráveis.

A SEEDF destaca ainda que, no âmbito do Programa Escola em Tempo Integral, serão consideradas tanto as matrículas já estabelecidas em 2023, quanto as novas matrículas para 2024, para se atingir o número de matrículas pactuadas no programa. As vagas garantidas pelo projeto vão ser destinadas para a educação infantil, para o ensino fundamental e médio.

Por meio da Educação em Tempo Integral (ETI), a secretaria oferece ampliação da oferta e dos espaços e busca desenvolver ações educativas. Ainda de acordo com a pasta, o ensino em dois turnos também tem como objetivo diminuir a evasão e o abandono escolar, contribuindo com o desenvolvimento dos estudantes e da sociedade.

Diretora de Educação em Tempo Integral da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral da SEEDF, Erica Martins destaca que a educação integral é importante por ampliar as oportunidades de aprendizagem do estudante, tanto no tempo quanto nos espaços. “Você retira esse estudante que está em vulnerabilidade de situações de risco, deixando protegido, alimentado e com a carga pedagógica maior, com projetos interessantes e atrativos para os alunos para fazer com que ele queria estar mais tempo na escola”, avaliou.

Dados da pasta mostram que há 256 escolas entre unidades de ensino fundamental e médio que ofertam educação em tempo integral no DF. Dentro dessas escolas, são atendidos 33.160 estudantes, sendo que mais de 27 mil são do ensino fundamental, que corresponde à etapa mais longa da Educação Básica, com nove anos de duração, e atendendo alunos com idades entre seis e 14 anos.

Moradora de Taguatinga, Maria Silva de Carvalho, 38 anos, vive com os três filhos em uma casa na região da QNL, em Taguatinga. Por conta da filhinha de 1 ano, ela não está trabalhando, mas se sente satisfeita por ter garantido que os dois filhos mais velhos, Caíque, 9 anos, e Ítalo, 10 anos, estejam matriculados em uma unidade escolar de tempo integral. “Tive que ir na regional de ensino porque não estava conseguindo vaga. Depois que fui lá, num instante deu certo”, recordou.

Para ela, o ensino integral é muito bom, pois os meninos passam o dia na escola e dá tranquilidade para quando ela está trabalhando. Os dois estão na escola há dois anos. “Melhorou muito o ensino deles e é muito boa a escola. Eles entram às 7h30 e saem às 17h”, comentou. Caíque conta que o que mais gosta de fazer no colégio é comer e estudar, mas também gosta de brincar com os coleguinhas. “Cansa muito, minha mão fica doendo de tanto escrever”, disse o menino.

Por Júlia Eleutério do Correio Braziliense

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense