Máscara, álcool em gel e distanciamento. Essa combinação faz parte da nova rotina de alunos e professores para que fossem viabilizadas as aulas presenciais, ainda que de forma revezada. Para os docentes, o impacto da pandemia gerou uma reinvenção no dia a dia. Agora, o momento ainda híbrido (de presencial e remoto) faz com que ainda a profissão continue se readaptando.
A professora de física Heloísa Miranda, do Centro de Ensino Médio 01 do Guará, relata que os profissionais da área tiveram muita dificuldade em se adaptar ao novo processo, principalmente em relação ao uso da tecnologia. Ela ainda menciona que os conteúdos foram reajustados e resumidos. Entretanto, foi possível constatar que os alunos apresentam uma “enorme” defasagem.
A professora de inglês, Lélia Ruth, acrescenta que existem impactos provocados pelo formato híbrido. “Não teve profissão que precisou mais se reinventar do que professor. Todos os tipos de situações apareceram (…) Houve prejuízo de ambas as partes, os alunos aprenderam um pouco menos e trabalhamos ensinando um pouco menos”.
As estudantes Maria Eduarda Rocha e Rafaela Brandão, que estudam também na escola do Guará, relembram que as experiências difíceis durante o ensino on-line foram amenizadas pelos esforços dos professores. No meio do caminho, houve as angústias ao longo da readaptação. “O que mais tivemos foi o apoio dos professores, explicando que estava tudo bem e não seríamos prejudicados, dando opções de atividades”, observou Rafaela.
Pesquisa
Um levantamento realizado pelo Instituto Tim, por meio do projeto “O Círculo da Matemática no Brasil”, mensurou os impactos na saúde mental daqueles que estavam na linha de frente educacional, os professores.
No período em que todos lutavam para proteção contra o vírus, eles ainda precisaram oferecer o ensino aos estudantes, mesmo distantes. E todo o processo teve um preço.
Realizada no período entre janeiro e novembro de 2020, teve a participação de professores do ensino Fundamental da rede pública e privada, de diferentes estados brasileiros.
A análise que contou com professores do ensino fundamental em diferentes regiões do país, entre janeiro e novembro de 2020, mostrou que quase 70% dos professores ouvidos relataram dificuldades em se adaptar às aulas remotas. No entanto, mesmo com as dificuldades de adaptação, ainda mostrou que alguns tiveram a sensação de respiro ao bem-estar mental pois viviam reféns da violência nas salas de aula.
Por outro lado, a pesquisa destacou ainda mais as desigualdades da sociedade brasileira: professores pardos e negros foram mais impactados pela pandemia. Entre as pessoas negras, 76% mencionaram dificuldades de adaptação às aulas on-line, 64% não conseguiram trabalhar bem de casa e 83% tiveram problemas de sono durante a pandemia.
Retorno
A Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de Saúde do DF, determinou por meio da Nota Técnica 36/2021 os protocolos que devem ser seguidos nas instituições públicas da região. Com a previsão de protocolos rígidos, fiscalização e rastreamento de casos, alunos e professores retomam ao chamado “novo normal”.
As turmas funcionam no formato de rodízio, ou seja, revezando a quantidade de alunos presenciais e remotos a fim de reduzir o número de estudantes nas salas de aula. A presença na escola se alterna a cada semana.
Em casos de contaminação em massa, deve-se seguir a recomendação da Nota técnica nº1/2020 da Secretaria de Saúde. A recomendação é que a notificação da suspeita ao CIEVS-DF ocorra pelo telefone (61) 99221-9439 ou e-mail: noficadf@gmail.com.
Assim, torna-se possível rastrear pessoas que estiveram em contato com o contaminado e isolar durante 14 dias, permanecendo com atividades remotas. Todo registro de caso confirmado nas escolas públicas é seguido do protocolo de rastreamento de contatos.
Assim, todas as pessoas com quem o caso positivo manteve contato próximo também são orientadas a se afastarem das atividades escolares e ficam sob monitoramento da Vigilância em Saúde até o fim do prazo de quinze dias sem sintomas.
Conforme apresentado no Decreto nº 42.253, de 30 de junho de 2021, permanecerão afastados do trabalho presencial por tempo indeterminado os servidores com hipersensibilidade e que apresentaram reação anafilática à vacina contra a covid-19, e também as gestantes até que entrem em licença maternidade. Os servidores com mais de 60 anos e pessoas que apresentam comorbidades deverão retornar ao trabalho após 15 dias do recebimento da segunda dose da vacina ou da dose única.
Por Redação do Jornal de Brasília com informações de Sandra Barreta da Gazeta do DF
Foto: Jornal de Brasília